CHIHAYA E O ROUXINOL
**Cuidado texto com muitos spoilers**
Há um conto de um rouxinol que cantava nos jardins do palácio de um grande imperador chinês. Um canto tão lindo que fazia as flores mais belas, as cores mais ricas e o dia mais claro. O imperador descobriu este rouxinol e o prendeu em uma gaiola para o ouvir sempre. Este rouxinol não cantou mais, mesmo com todos os esforços do rei. Conta a parábola que o rouxinol conseguiu fugir de sua gaiola dourada, repleta de joias e petiscos saborosos. O rei, muito furioso, acabou adoecendo com muita mágoa. Há muitas versões desta parábola, e ouso dizer que o enredo de “The Idolm@ster 20” é uma releitura desta fábula de maneira intensa e criativa.
Chihaya acaba sendo fotografada no túmulo de seu irmão e o presidente da produtora rival, por intermédio de contatos em revistas, acaba por divulgar matérias caluniosas à respeito da Chihaya e seu relacionamento com o irmão, a morte dele, e o divórcio subsequente de seus pais. O trauma de ser exposta daquela maneira confere a cantora um trauma psicológico que a impede de cantar. No fundo, ela se sente culpada pela morte do irmão e as lembranças dele acabam por afetar a voz. Ela não consegue cantar, tal qual o rouxinol engaiolado.
Apesar de toda a ajuda que ela recebe de suas amigas e do produtor, que pode ser comparada aos petiscos que o rei conferia ao rouxinol, ela desiste de cantar. Ela foge por não conseguir vencer o bloqueio que lhe impede de cantar. O bloqueio são as grades douradas da gaiola que impedem o rouxinol de cantar. Em um momento tenso, e realmente sério, nós vemos a tentativa das outras garotas em ajudar a amiga a vencer este obstáculo.
O grande ponto de retorno, que nos retira das sombras da depressão da personagem, é a aparição da mãe de Chihaya que entrega um livro, com os desenhos do irmão dela, a Haruka. É a resposta necessária para dar uma virada no roteiro. Haruka consegue convencer a abatida amiga a voltar a cantar, pois era o desejo de seu irmão que ficava feliz ao vê-la cantar, pois ela sorria ao fazê-lo.
O clímax aproxima-se, Chihaya aparece para o concerto e sobe ao palco. De súbito, o trauma retorna, imagens de seu irmão morto assombram-na, e a voz falha. Parece o fim para a carreira dela, mas eis que surge o “Personagem Transformador” que, neste caso, não é apenas um, mas todas as garotas. Com tamanho apoio de suas colegas, uma reviravolta interna começa a acontecer. Chihaya vê o espírito de seu irmão sorrindo novamente, pedindo para ela cantar, e ela percebe seu inconsciente se manifestando na forma do seu “eu infantil”, ou seja, aquela garotinha que cantava alegremente para o irmão. E esta garotinha ergue sua mão para convidar o seu “eu adulto” a voltar a cantar. No ímpeto deste momento, ela canta de maneira esplêndida. O Rouxinol voltara a cantar!
[caption id="attachment_360" align="aligncenter" width="300" caption="Quando unimos mente, corpo e espírito podemos tudo!"]
“Entretanto retorno, agora que precisas de mim. E apenas te peço que não tentes prender-me, ou o amor se perderia na revolta. É certo que não estarei contigo todo o tempo que quiseres, mas hás de ouvir-me sempre que me for possível. Deixa-me cantar para ti porque te amo, não porque assim o desejas!” (Releitura da fábula no momento em que o Rouxinol retorna para cantar no leito de morte do rei, por Rejane de Fátima Pedrosa Ramos).
“Deixa-me cantar para ti porque te amo, não porque assim o desejas” é a Chihaya e sua reconstrução interna que definem a ela uma nova motivação para cantar. Com esta descoberta, ela cai em lágrimas em um dos capítulos mais lindos que vi em 2011. Palmas para o diretor Takahiro Harada por conduzir esta orquestra de enredo com docilidade e com uma grandiosa animação! E definir como cinco estrelas seria pouco, eu quero dar é 10 estrelas a este capítulo!!!!
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