Heróis
Depois de traçar, rapidamente, elementos em animês de horror, elementos da cultura japonesa e religiosidade (com especial atenção ao cristianismo), agora vou inserir noções sobre a construção de heróis em animês. Sim, uso noções porque acredito que não cabe a um blog escrever teses completas. Blogs são para leitura rápida. Se um texto excede 3 páginas já não atrai a atenção dos visitantes que buscam informação rápida e concisa. Ao escrever sobre a crise do mercado de animês e mangás recebi um comentário no blog de uma pessoa que não o leu e se achou no direito de ofender. Acredito que se o texto possuir mais de três páginas, muitas pessoas simplesmente vão atrás de outro blog com informações mais resumidas.
Um enredo de ação deve possuir um herói que guie a ação e seja responsável pelo desenrolar da narrativa com suas ações e diálogos. A figura do herói pode ser substituída pela figura do anti-herói ou do vilão. Exemplos de enredos, em comédia, que substituem os heróis pelos vilões: Megamente e Meu Malvado Favorito. Eles começam como vilões e vão sendo humanizados aos poucos, até que no final eles se tornam o protótipo do herói. Também existem histórias que se voltam aos vilões de maneira a não descaracterizar o personagem, como em Thor e Loki: Blood Brothers, entretanto, em vias de regra, heróis sempre vão conduzir a história e eles podem ser dos seguintes tipos:
Idealistas: Possui um bom coração e o poder de mudar as situações. Idealistas não precisam de uma motivação maior para entrar em ação, pois eles simplesmente agem porque é o certo. Deste tipo temos, no ocidente, o Super-Homem. Não há nele um trauma que o motiva, mas uma ideia de que o homem pode evoluir e ele será o guardião da humanidade até não ser mais necessário. O Batman até o chama de “escoteiro” por causa desse tipo de conduta. Na Ásia temos Astro Boy. Os Cavaleiros do Zodíaco possuem um ideal também, que é o de proteger Athena e o Santuário. Embora alguns comecem como o tipo vingador, ou meramente profissional (veja abaixo), todos acabam aceitando um ideal movido pela Saori/Sasha e começam a agir porque é o certo.
Vingadores: estes só se mexeram porque foram provocados a isso por um trauma. São os tipos mais comuns. Como Peter Parker que teve o tio assassinado durante um assalto, ou Frank Castle que teve a família morta, assim como o Bruce Wayne. Eles só começam a agir após algo traumático acontecer a eles. Em animês e mangás temos um monte destes e cito apenas um: Kenshin Himura que se envolveu em uma guerra civil após as pessoas que cuidavam dele serem mortas na sua frente.
Profissionais: estes estão meramente cumprindo sua obrigação. São imbuídos a uma tarefa e a cumprem da melhor forma possível. Spectreman é um exemplo de profissional que veio apenas cumprir uma missão. Não veio por vontade própria, e nem foi movido por um trauma, ele simplesmente veio até a Terra para exercer sua função e aceitar as ordens dos Dominantes.
Mercenários: sim, heróis mercenários são aqueles que só fazem o bem se receberem algo em troca. O Gladiador Dourado, do desenho da Liga da Justiça, viajou do futuro, ao nosso tempo, apenas para lucrar um dinheiro combatendo o crime e se tornando famoso. Desse tipo temos também Lupin the Third que só aceita fazer o bem se ganhar algo em troca. Como exemplo, em Castelo de Cagliostro, Lupin só ajuda uma garota em fuga porque a achou bonita e quis casar com ela.
Com estas pequenas descrições, já podemos caracterizar a maioria dos heróis criados. Os heróis podem migrar de uma classificação a outra de maneira livre, isto é, um profissional pode se tornar um vingador (Black Cat) e assim por diante. Mas há um processo interessante na construção da personalidade dos heróis do tipo vingador: o trauma. Eu ia falar sobre isso, quando mencionasse o capítulo 25 de Sket Dance, mas vou resumir tudo e colocar aqui para não ter que criar um outro texto sobre isso.
Contêm SPOILERS de Sket Dance 25, então não leia o texto abaixo.
Trauma
O personagem passa por uma situação traumática, ele introjeta esta situação ambiente e, em casos extremos, como o do Switch, o personagem acaba reprimindo a sua própria personalidade e assumindo a personalidade da pessoa querida que morrera de forma violenta. Um transtorno violento de personalidade. O interessante no Switch é ver que ele assume a identidade do personagem de forma idealizada, ou seja, aquela imagem representada pelo Switch não é a representação real do irmão morto, mas como ele via o irmão. O irmão não era um otaku retraído que adorava animês, mas um colegial normal que adorava sistemas da informação. É interessante ver como o Switch percebia o irmão e como ele lidou de forma traumática com a morte do mesmo.