Aproveitando a polêmica que lancei sobre a abertura de Dan Da Dan, venho indicar o canal Anime Ken Tv que, por sua vez, analisou a abertura. Ele é músico profissional e é especialista em guitarra! Se clicar e gostar do vídeo, se inscreva lá e faça-o crescer! E, de forma inesperada, um youtuber japonês fez um vídeo essa semana desabafando sobre a solidão no Japão. O vídeo mostra que a crise da masculinidade, veja texto de segunda-feira da semana passada, está afetando o Japão com muita força. Samurai Daddy é casado, com filho, e se sente sozinho e solitário, muito por conta da confusão de papéis que vivemos hoje em dia. É um relato que confirma e aprofunda o tema da crise. Assistam!
Em tempos
antigos, caros leitores, eu tinha dois amigos, parceiros de fliperama. Eram
realmente amigos do peito. Uma época tão antiga que o fliperama recém havia
lançado o primeiro Mortal Kombat e Tartarugas Ninjas era um joguinho que atraía
várias pessoas. Neste tempo maravilhoso, um destes amigos me disse: “Se a
ciência provar que Deus não existe, eu vou acreditar!” Eu venerava este amigo
pela inteligência e, naquela época, eu concordei com ele. Coisas de criança,
mas, naquela época, aquilo parecia a frase mais sensata e lógica já dita.
A ciência tinha,
em mim, essa definição de que tudo comprovado cientificamente deveria, então,
ser verdade, pois a ciência atesta tudo de maneira empírica. Ao ler uma obra de Popper, tão bem resumida em
“O que é Ciência”, de Silvio Seno Chibeni (professor de Filosofia da Unicamp), que
tive o primeiro choque. Acredito ter lido um dos primeiros textos de Popper em
1996. O professor assim descreve o texto de Popper:
“Popper
rejeita que as teorias científicas sejam construídas por um processo indutivo a
partir de uma base empírica neutra, e propõe que elas têm um caráter completamente
conjetural. Teorias são criações livres da mente, destinadas a ajustar-se tão bem quanto possível ao
conjunto de fenômenos de que tratam. Uma vez proposta, uma teoria deve ser rigorosamente
testada por observações e experimentos. Se falhar, deve ser sumariamente eliminada
e substituída por outra capaz de passar nos testes em que a anterior falhou,
bem como em todos aqueles nos quais tenha passado. Assim, a ciência avança por
um processo de tentativa e erro, conjeturas e refutações. “Aprendemos com
nossos erros”, enfatiza Popper, (...)
A
cientificidade de uma teoria reside, para Popper, não em sua impossível prova a
partir de uma base empírica, mas em sua refutabilidade. Ele argumenta que somente
as teorias passíveis de serem falseadas por observações fornecem informação
sobre o mundo; as que estejam fora do alcance da refutação empírica não possuem
“pontos de contato” com a realidade, e sobre ela nada dizem, mesmo quando na
aparência digam, caindo no âmbito da metafísica.” (Sílvio Seno)
A ciência,
então, tornou-se, para mim, uma forma de explicação da realidade segundo a
subjetividade do pesquisador, mesmo que possua base confiável de dados. Pois o
homem é um ser em construção, ou seja, o interior dele é moldado por
sentimentos e experiências únicas que fazem com que este indivíduo seja único. E
estas experiências e sentimentos, talvez até traumas e desvios de
personalidade, influenciam na interpretação dos dados. Os caros leitores devem
estar achando isso tudo um absurdo, e que dados confiáveis, realizados mediante
pesquisa, sempre trarão os mesmos resultados, mesmo que mude o pesquisador.
Vejamos um
exemplo clássico de observação: Lamarck e Darwin observaram um conjunto de girafas.
Ambos os pesquisadores possuíam conhecimentos, estavam vendo a mesma espécie
natural (não no mesmo tempo) e tinham os mesmos dados divulgados à época de
seus estudos. Tiveram conclusões totalmente diferentes. Conclusões diferentes,
pois são pessoas diferentes, com construções interiores diferentes. Alguns
leitores podem ainda não estarem satisfeitos com este simples exemplo, então,
formemos outro: Einstein era contra a interpretação de Copenhagen sobre suas teorias de alguns
mecanismos quânticos (veja mais aqui). Novamente, mesmos dados aferidos por sistemas confiáveis, mas
com duras e diferentes interpretações, pois o pesquisador difere em cada uma
delas. Deste atrito, desta luta de interpretações, nasceu a frase que me levou a ler muitas teses de Einstein e nasceu, ali, uma paixão pela física. Uma frase que muitos podem achar boba, mas tocou fundo em mim: "Deus não joga dados com o universo", disse Einstein.
Por este
simples fator, dentre tantos outros já aferidos pelo filósofo e professor da
Unicamp, já poderíamos definir o quão errônea torna-se a afirmação deste amigo
de infância. Afinal, tudo depende da luz interior do pesquisador. Fico muito
feliz que toda evidência científica seja colocada à prova, pois isso reforça
este texto. Evidências e interpretações são divulgadas por diversos meios e,
com isso, pode-se recriar ou analisar e aferir se aquele experimento foi
realizado da melhor maneira.
É interessante ver que o ponto forte da
pesquisa científica seja, justamente, o que nunca poderá confirmar a frase de
meu amigo. A força da ciência é ser colocada à prova e ter novas interpretações
do fato estudado (objeto de estudo). Isso promove inúmeras interpretações
científicas sobre o mesmo assunto. E isso causa, como consequência, a evolução
do pensamento científico. Daí, vemos pesquisas que apontam, por exemplo, que o
café faz mal, outras que apontam os benefícios do café e por aí vai. Outro exemplo, mas este voltado já para a
crença religiosa, diz respeito ao Santo Sudário. Repetindo à exaustão: mesmo
objeto de estudo, estudos semelhantes, interpretações totalmente diversas. Alguns
pesquisadores alegaram que o sudário seria uma fraude. O estudo deles foi
colocado à prova, novas pesquisas foram realizadas e, hoje, um novo grupo já
confere veracidade à origem do sudário.
E eu, meus
caros leitores, me sinto um “homem das cavernas”, pois tudo aprendido na minha
época de escola, hoje, está desatualizado. A ciência é maravilhosa, pois muda
sempre e evolui, nunca estagnando o conhecimento. Na minha época de escola nós
aprendemos:
1) Leis
de Newton eram universais. Einstein provou que tudo é relativo.
2) A
matéria tinha somente três estados: sólido, líquido e gasoso. Hoje temos um
quarto estado da matéria- Plasma
3) Na
minha época existia a teoria de Darwin. Hoje já estamos no NeoDarwinismo.
4) A realidade
era compreendida como tendo 3 dimensões. Einstein provou que existia uma quarta
dimensão. Hoje já querem adicionar mais
seis ou sete a esta lista. Olhe só!
5) Plutão
era um planeta! Era sim!
6) A matéria era composta unicamente por átomos. Super-cordas nem era cogitada como teoria.
6) A matéria era composta unicamente por átomos. Super-cordas nem era cogitada como teoria.
E estes seis pequenos exemplos provam,
também, que, como a ciência evolui, nada pode ser dito como 100% certo, então,
são exemplos de que a frase de meu amigo foi fruto de sua inocência juvenil.
Atualização em 20 de maio de 2012- pai da psiquiatria moderna escreve carta pedindo desculpas por errar a interpretação de dados de sua pesquisa mais contundente. Novamente, dados e interpretações diversas. Clique aqui para ler o texto completo!
Atualização em 20 de maio de 2012- pai da psiquiatria moderna escreve carta pedindo desculpas por errar a interpretação de dados de sua pesquisa mais contundente. Novamente, dados e interpretações diversas. Clique aqui para ler o texto completo!
“Para os crentes, Deus está no princípio das coisas. Para os
cientistas, no final de toda reflexão!” Max
Planck