Olá, pessoal! Nesse vídeo quero falar um pouco sobre os dialetos do Japão. Depois de assistir ao amor de Okinawa e de ver como traduziram as expressões e falas da Mona da série "Medaka Kuroiwa is impervious to my charms", decidi explicar um pouco mais sobre essas questões. Vamos lá? Me acompanham? O Japão é um país fascinante, não apenas por sua cultura rica e história milenar, mas também pela diversidade linguística que reflete a identidade de suas regiões. Estima-se que existam cerca de 15 dialetos principais , além de inúmeras variações regionais. Esses dialetos são agrupados em dois grandes clados: Oriental (incluindo Tóquio) e Ocidental (incluindo Quioto), com os dialetos de Kyūshū e das Ilhas Hachijō frequentemente considerados ramos adicionais. Além disso, as línguas ryukyuanas, faladas em Okinawa e nas ilhas mais ao sul, formam um ramo separado na família japônica. Por que existem tantos dialetos no Japão? A diversidade de dialetos no Japão tem raízes históricas e...
Black Bullet – Capítulo 2- SPOILER
Este capítulo permeou a realidade de uma maneira
interessante e, por isso, merece uma atualização para esta semana. Neste
capítulo, foi-nos mostrada uma realidade muito próxima à nossa, de fato. Ao assistir diversas cenas, fui pego pensando: "algo parecido aconteceu aqui no Brasil" e, por causa dessa similaridade, decidi por divulgar este capítulo em especial e alguns pontos em comum com nossa sociedade.
Para quem não conhece a série, a humanidade quase foi extinta graças a seres parasitas chamados Gastreas. Os homens, então, refugiaram-se em cidades sitiadas. Algumas crianças foram infectadas pelos Gastreas, ainda no ventre de suas mães e possuem habilidades fora do normal, sendo a única esperança para nossa raça, bem como o grande medo da sociedade. Este é o background do anime. Neste capítulo, aprofundaram o conceito das crianças
marginalizadas. O que acontece com estas crianças é o seguinte, elas sobreviveram, no útero de suas mães, ao ataque de
Gastreas e receberam uma transformação
genética do vírus do invasor. Esta transformação genética faz com que todas os
bebês nasçam mulheres, possuindo habilidades superiores às de qualquer homem.
Estas habilidades fazem com que estas crianças possuam olhos vermelhos, quando
ativam este poder genético especial. Estas crianças, se não tratadas,
transformar-se-ão em Gastreas no futuro. Estes pontos fazem com que surja uma
dualidade: os homens necessitam delas para evitar a extinção da espécie humana,
mas as temem por elas se transformarem
em Gastreas no futuro.
Neste contexto, as crianças, com esta alteração genética,
são marginalizadas e não possuem direitos. Ninguém as quer, mas precisam delas
para controlar Gastreas que possam vir a surgir dentro das cidades sitiadas. Esta
marginalização da criança lembra muito o livro Capitães da Areia de Jorge Amado
(escrito em 1937). O texto do Guiado Estudante assim resume o livro: “No início da obra há uma série de
reportagens fictícias que explicam a existência de um grupo de menores
abandonados e marginalizados que aterrorizam a cidade de Salvador e é conhecido
por Capitães da Areia. Após esta introdução, inicia-se a narrativa que gira em
torno das peripécias desse grupo que sobrevive basicamente de furtos. Porém,
apesar de certa linearidade, a história é contada em função dos destinos de
cada integrante do grupo de forma a montar um quebra-cabeça...”
Voltando ao capítulo, Enju é uma destas crianças
marginalizadas, mas que consegue se humanizar graças a seu iniciador (Rentaro).
Ela é entregue a este policial civil, que a trata como uma pessoa (e ela é),
dando-lhe boas condições para crescer e controlar o vírus. Assim como alguns
personagens do livro, de nosso grande autor, estas crianças almejam uma adoção,
embora ainda não possuam direitos. Elas roubam para sobreviver, formando grupos pequenos, como o de Pedro Bala. Assim como os garotos do livro de Jorge Amado, estas crianças moram em ruínas, em pontos da cidade longe de qualquer alcance da sociedade. É interessante notar que o animê tenha retratado esta realidade e a marginalização da criança e do adolescente,
radicalizada neste contexto, é um problema bem tocado neste capítulo e o que
nos faz entrar em outro ponto- o direito negado.
Declaração dos Direitos das Crianças: 2º Princípio- “Toda criança tem
direito a proteção especial, e a todas as facilidades e oportunidades para se
desenvolver plenamente, com liberdade e dignidade”.
A Declaração dos Direitos das Crianças, em seu segundo principio, está completamente anulada nesta realidade. E isso me levou a questionar o quão próximo desta situação encontram-se as crianças brasileiras, que vivem em lugares nos quais o Estado não se apresenta. E a similaridade não para por aí, pois a Enju encontra uma criança que está roubando comida. Ela é
pega por policiais e levada embora com brutalidade. Após insistência da Enju, Rentaro resolve
ir atrás e interferir nesta prisão para, então, ver o problema mais grave em
uma sociedade aonde os direitos não existem: a lei da bala. A criança é baleada
em um local ermo, em uma tentativa de execução, mas sobrevive. Rentaro a leva
para um hospital. Esta situação nos remonta à chacina da Candelária, e tantas
outras, na qual o direito de um indivíduo lhe é negado, bem como a garantia
mínima de sobrevivência. Quando isto ocorre, e a própria sociedade fecha os
olhos para o pedido de socorro destas pessoas, a chacina começa a ocorrer. No momento em que a sociedade não soluciona o problema, cria-se um abismo de indiferença que resulta sempre em violência.
Neste
momento, o vilão aparece e uma de suas motivações é revelada em uma pergunta: “Não
acha esta sociedade errada”? Esta pergunta gira o enredo de ponta-cabeça e nos
faz questionar a vilania. Quem seria o maior vilão? Seria ele apenas fruto de uma sociedade violenta? Ainda sem respostas, este vilão torna-se um rebelde em uma sociedade marcada pela desumanização do indivíduo.
Como se não bastasse tantas aplicações práticas deste enredo
em nossa sociedade, o fim ainda iria revelar outra problemática. Na verdade,
dois problemas. Na escola, descobrem que a Enju é uma criança portadora do
vírus do Gastrea. Inicia-se a exclusão dela, com bullying provocado pelo medo,
e o preconceito provocado pela falta de informação. Enju foge. Rentaro tenta acha-la.
Através de uma enredo rápido, afinal o capítulo nem chega a
ter 30 minutos, todos estes problemas são apresentados, mas existe um sinal de
humanização. Rentaro, ao procurar por sua parceira, revela seus sentimentos em
uma clara demonstração de que os direitos não podem ser negados e que uma
pessoa deve ser tratada como uma pessoa deve ser tratada, isto é, com amor e
respeito. Isso é um sinal de que o enredo quer procurar por uma humanização dos
personagens e um resgate de sua condição como seres humanos, da dignidade e da
melhor conduta.
Black Bullet- capítulo 2, então, torna-se uma obra
instigadora, nos fazendo questionar, lembrar e olhar para nossa sociedade, sendo
uma obra de denúncia da mesma. Esta denúncia é fruto de eventos que ocorrem ao redor do globo. Espero
que permaneça assim e que me mostre, ao final, um futuro brilhante, pois eu
espero mesmo poder escrever sobre isso e motivar os meus leitores a buscarem um
futuro com uma sociedade mais igualitária, entretanto, sabem como são as
animações japonesas, algumas tem um fluxo inconstante no roteiro, mas espero mesmo
que tenha uma humanização ao final. Toda obra que nos faz pensar é fomentadora de mudanças, por isso, deixo este capítulo aqui para que os meus leitores a conheçam.