Aproveitando a polêmica que lancei sobre a abertura de Dan Da Dan, venho indicar o canal Anime Ken Tv que, por sua vez, analisou a abertura. Ele é músico profissional e é especialista em guitarra! Se clicar e gostar do vídeo, se inscreva lá e faça-o crescer! E, de forma inesperada, um youtuber japonês fez um vídeo essa semana desabafando sobre a solidão no Japão. O vídeo mostra que a crise da masculinidade, veja texto de segunda-feira da semana passada, está afetando o Japão com muita força. Samurai Daddy é casado, com filho, e se sente sozinho e solitário, muito por conta da confusão de papéis que vivemos hoje em dia. É um relato que confirma e aprofunda o tema da crise. Assistam!
A Legendary Pictures lançou, junto com a Warner, uma nova
versão cinematográfica do grande cult japonês Godzilla. A questão que muitos têm
levantado é se esta nova adaptação seria mais fiel que a versão de 1998 (IMDB). Posso dizer
que é muito mais fiel ao clássico, que o terrível filme de 98. Érico Borgo
chegou a comentar, em vídeo para o Omelete, que seria quase uma continuação do
filme japonês de 1954 (IMDB). Eu
concordo!
Posso dizer que o filme possui o enredo voltado para duas
questões práticas que se relacionam: 1- Não controlamos a natureza e esta é
representada pela força dos monstros que aparecem em tela. A luta entre estas
espécies dá o tom mais próximo do filme de 54. 2- O drama da humanidade que se
vê às voltas com elementos incontroláveis, também bem próximo do Gojira (1954).
Ao entrar no cinema, eu não pude segurar a angústia da
dúvida de que este filme poderia ser mais uma bomba, pois é difícil segurar um
enredo como este, ou seja, que mostre um embate entre titãs e, ao mesmo tempo,
o drama de uma família que se vê tragicamente envolvida nesta batalha. O enredo mostra-se suave com o equilíbrio
destas questões, portanto, em poucos minutos de exibição, o meu receio foi
esvaindo e dando lugar à empolgação de uma história bem contada.
Como parte do primeiro ponto já mencionado, a crítica nuclear
de 1954 fez-se presente constantemente, com referências à Hiroshima e até à Fukushima. Os desastres naturais também foram relevantes na história, com
citação até dos últimos tsunamis, mas não ficou algo apelativo. O enredo os
inseriu de maneira a não chocar, mas fazer com que a história pudesse ter um
apelo mais realístico. Com tudo isso, o filme teria um ar trágico se o enredo
não fosse bem cuidado. A tragédia e a destruição estão presentes, mas sempre
existe uma cena de otimismo que nos faz perceber que, mesmo na maior escuridão,
existe uma ponta de luz como chama ardente (os fortes vão pegar essa
referência).
Já os monstros são
mostrados como são: titãs poderosos, implacáveis e alheios à destruição que
provocam. Todos eles? Não! O diretor trabalha Godzilla de maneira próxima aos
filmes da série até nisso e, próximo ao embate final, fui pego torcendo pelo
Gojira. Como ele trabalhou isso? Godzilla já possui um carisma para quem
conhece a franquia, mas o diretor o trabalhou ao ponto de percebermos nele uma
intenção de manutenção do equilíbrio da natureza, como se ele fosse um guardião
do mundo. Quando ele, conscientemente ou não, salva um ônibus escolar de
mísseis desgovernados, o diretor começa a nos mostrar um Gojira herói, como ele
o é representado em diversos filmes da franquia. Se foi intenção dele salvar as
crianças, ou se foi um movimento aleatório da cauda dele, o diretor não nos
responde, ficando esta questão para que cada um de nós possa responder. Claro,
depois disso ele parte a ponte ao meio, mas a cena em si fica registrada e as
crianças salvas. A culpa é da marinha que ficou lançando mísseis! :)
Já na questão do drama humano, em meio às batalhas dos
monstros, o enredo optou por mostrar isso de uma maneira bacana. Eu gostei de
terem usado duas gerações de protagonistas para o filme. Enquanto o drama
inicia-se em uma geração e termina em outra, passando o bastão da sobrevivência
de pai para filho, fica assim demonstrado o quão pequenos somos e quão breve é
nossa vida. Um drama bem contado! As atuações ficaram legais também, pois
conseguiram cativar algumas pessoas na sala, que respondiam ao drama com
lágrimas. Sim, duas meninas choraram na sala do cinema.
E é nesse espírito que o filme vai até o seu fim. O close no Ken Watanabe, já nas cenas finais, e o evento que se sucede, é de tirar lágrimas de quem é fã da série. É uma alusão ao desejo de que o Japão se recupere dos desastres que afetaram a vida de milhares de pessoas. Gojira nesse momento é o Japão. Uma consequência de um enredo bem trabalhado para criar um ar carismático a este lendário réptil!
Duas gerações! |
O que eu achei ruim foi a opção do diretor em revelar o
Godzilla de maneira lenta e gradual. Até o momento em que o protagonista (sim,
ele é o protagonista) se exibe de maneira inteira, e dá aquele seu grito
clássico, já se passaram muitos minutos do filme. Não contei, mas acho
que foi quase uma hora. Para quem quer ver destruição e luta, isso deixa qualquer um frustrado. O embate dos monstros é muito postergado, para dar
chance de desenvolver a história, e isso pode incomodar muita gente, porém, é
necessário para que o filme possa ter maior profundidade e que possa
representar algo para os cinéfilos.
No fim, eu aplaudi o filme e dou a ele 4 estrelas (ótimo)!
Vá ver enquanto pode!
Godzilla arrasa nas bilheterias, com mais de 93 milhões de dólares nos EUA e 103 milhões de dólares ao redor do mundo, totalizando US$196.205.000,00. (Box Office Mojo)