Aberturas: Demon Lord 2099, Dragon Ball Daima, Yokai Gakkou no Sensei e Idolmaster Shinny Colors (2ª temporada) As aberturas de anime sempre foram uma porta de entrada para o universo que cada série propõe, carregando identidade e ambientação. Vamos explorar o que torna cada abertura das novas temporadas das séries Demon Lord 2099, Dragon Ball Daima, Yokai Gakkou no Sensei e Idolmaster Shinny Colors (2ª temporada) especiais e cativantes. Demon Lord 2099 A abertura de Demon Lord 2099 impressiona ao combinar uma atmosfera cyberpunk com o tema de fantasia obscura. A música que embala a sequência tem batidas eletrônicas intensas que acompanham imagens distópicas de uma metrópole futurista, misturada com elementos arcanos. A fluidez da animação, com lutas dinâmicas e cenários de tirar o fôlego, projeta o tom épico da série. Ficha Técnica: Diretor de Animação: Hiroshi Tanaka Música Tema: “Dark Future” Compositor: Yuuki Hayashi Estúdio: Silver Link Direção de Arte: Natsuko Ikeda Dragon Ball D
Cavaleiros do Zodíaco: Soul Of Gold
Review e polêmica
Sinopse CR: “No Submundo, durante a luta contra Hades, os
Cavaleiros de Ouro dão a própria vida para destruir o Muro das Lamentações e,
assim, permitir que Seiya e seus amigos avancem na jornada. No entanto, Aioria
e os demais cavaleiros de ouro, que deveriam ter sido aniquilados, acordam em
um lugar belo e cheio de luz. Por que eles, que deveriam estar mortos,
reviveram? Enquanto esse grande mistério permanece, em um novo encontro Aioria
se envolve numa luta e então, quando a onda de Cosmo chega ao seu limite...
acontece uma transformação na armadura de Leão!” Clique aqui para
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A Review- Parte A
A estreia dessa nova série me trouxe recordações da era de
ouro de Cavaleiros do Zodíaco. Confesso que estava preocupado que pudesse haver
mais influência no roteiro de séries atuais, como Ômega, do que da versão
clássica que fez tanto sucesso no Brasil. Logo que a série começou, esse medo
foi esvaindo até desaparecer por completo.
Soul Of Gold é Cavaleiros do Zodíaco, pelo menos nesse
primeiro episódio, ou seja, um shonen de luta clássico, com todas as qualidades e defeitos
que um shonen dessa natureza traz. É uma série que respeita muito o trabalho
original, com um traço semelhante ao do Kurumada, mas com um toque que não o
deixa muito anos 80, com uma trilha sonora acertada e respeito pela série
clássica. O principal ponto aqui é que a série parece querer respeitar o que o
mangá estipulou, mas fazendo um ponto de equilíbrio com a série de televisão.
Dessa forma, ele fez uma mistura interessante. Explico no parágrafo abaixo.
O personagem principal é Aioria de Leão e ele acorda,
confuso, em Asgard (uma homenagem à série de televisão). Ele não sabe por que
está ali. Ele não sabe por que não está morto. Em meio a essa confusão de
sentimentos, ele conhece uma garota que luta contra o sucessor de Hilda de
Polaris. Essa garota se chama Lifia. Nisso, Aioria se envolve em uma luta
contra um Guerreiro Deus de Asgard. Aí
está uma homenagem ao mangá, pois os juízes de Hades tinham vantagem de campo
contra os Cavaleiros que não tivessem sua armadura abençoada. Dessa forma, em
Asgard, Aioria enfrentou o mesmo problema de vantagem de campo. O Guerreiro
Deus tinha essa vantagem por estar lutando em casa. Logo, a armadura de Aioria
se revelou abençoada e ele a transformou em uma armadura divina. Com isso,
temos um ponto interessante de convergência da série de televisão (Asgard), com
uma regra do mangá (Hades) e, também, um mistério.
Já a questão técnica está muito bem realizada nesse primeiro
capítulo, com uma boa qualidade artística. Destaque para a trilha de Hiromi Mizutani que acrescenta o sentimento correto a cada cena na qual ela está
inserida. Mizutani já criou grandes pérolas, veja uma abaixo. Também saliento a homenagem que foi o
encerramento.
Existem, claro, riscos a essa série. Como ela se passa em
paralelo com a ordem cronológica da Saga de Hades, pode haver um furo de
continuidade, se o roteiro não for cuidado com atenção. Caso eles cuidem bem do
roteiro, essa ameaça passa a ser uma contribuição à mitologia de Cavaleiros. Outro
risco é que parece que essa série tem restrições quanto a violência, pois o
Guerreiro de Asgard sobreviveu ao embate contra Aioria (heheh) e isso pode
prejudicar o andamento da série, pois as lutas passam a ter menos emoção. Se um
inimigo não morre, é quase certo que o herói também não correrá esse risco,
mesmo porque ele já está morto. Percebem?
Conclusão
A conclusão após a análise é que essa saga é mais próxima ao
seriado clássico do que Ômega e A Lenda do Santuário e, portanto, possui muitas
qualidades. Como eu gosto de animês shonen, com lutas clássicas, esse seriado é
para mim e vou continuar assistindo.
A Polêmica- Parte B
Na verdade, já me disseram que eu tenho a alma implicante,
assim como um professor que deseja corrigir tudo. Peço desculpas por isso. A
polêmica se dá ao perceber que a força do enredo da série clássica parece estar
se diluindo nessa nova geração. Notei, ao ler comentários de amigos, que isso
está virando um Fla X Flu. Posso explicar melhor com esse exemplo: um pão pode
ser apenas um pão, certo? Sim! Mas um pão pode ser também um símbolo religioso,
certo? Sim! Dessa forma, temos um grupo que enxerga o pão como um alimento de
fermento, trigo e água, assim como existe outro grupo que enxerga o pão como o
Corpo de Cristo. Existe, também, o grupo que enxerga o pão como uma unidade que
funde os seus dois significados.
Cavaleiros do Zodíaco parece que está vivendo assim na
memória das pessoas. Para alguns, é uma série sem valor. Para outros, uma série
acima de qualquer outra. Na verdade, temos que ter um meio termo. Um
equilíbrio. Nas próximas linhas, pretendo demonstrar que a série não é uma
maravilha e nem tão pouco um lixo. Provavelmente, serei excomungado por ambos
os grupos! O que pretendo abaixo é provar que o caminho do meio (referência ao
budismo) é mais adequado a isso.
Produto Comercial
Cavaleiros do Zodíaco foi feito para vender brinquedos. Soul
of Gold, por exemplo, está com sua imagem vinculada a uma nova série de
brinquedos, bem como de uma linha de jogos para Playstation 3 e 4, além de
outras plataformas. Há muito tempo, Cavaleiros tem ajudado a Toei a ter um bom
lucro todo ano, portanto, é um produto comercial de valor de mercado. Foi feito
para vender produtos. Ana Lúcia Santana
define bem a indústria de massa, da qual Cavaleiros do Zodíaco faz parte: “o
francês Edgar Morin, define a cultura de massa ou indústria cultural como uma
elaboração do complexo industrial, um produto definido, padronizado, pronto
para o consumo”. Dessa forma,
Cavaleiros do Zodíaco, inserido dentro da produção de massa, torna-se um
produto de vendas com o objetivo do lucro. Pronto, isso é fato! E ele possui
erros de continuidade, dinâmica que se desgasta com gerações e, por bater
sempre na mesma tecla, desgaste na própria imagem da franquia. Abaixo, trailer do novo jogo.
Pesquisa Quantitativa e Qualitativa
Por isso é uma série que pode ser jogada no lixo? Não! É uma
série que possui um valor no enredo, mas isso vai demandar um pouco de tempo
para provar. Para comprovar isso, imaginei uma simples busca quantitativa pelas
tags: “dissertação” e “cavaleiros do
zodíaco”. Achei 9.680 resultados. Isso me demonstrou que existem pesquisadores
que podem estar usando a série para
pesquisas culturais e acadêmicas. Que, destes 9 mil resultados, alguns poderiam
me dar as ferramentas para construir essa prova. Fui atrás de algumas dessas pesquisas, pois uma
pesquisa acadêmica, pelo rigor com o qual é realizada, é a forma segura de
demonstrar que existe valor em Cavaleiros do Zodíaco, pois o pensamento
científico não admite que um objeto seja analisado se assim não for adequado,
portanto, existe valor no objeto observado.
E porque estudar quadrinhos? Daniel de Souza Dutra, em “A MITOLOGIA GREGA NO MANGÁ SAINT SEIYA – CAVALEIROS DO ZODÍACO” responde, ao
afirmar que: “Adotaremos aqui a posição
de Carlos Krakhecke, que considera os mass media frutos de um regime
democrático, onde a informação está acessível a todos. É dentro deste contexto
que situamos o mangá Cavaleiros do Zodíaco como um produto que malgrado seu
baixo valor econômico, é rico em representações culturais que remetem à Grécia
Antiga.”
Em seu trabalho, Daniel expõe o mangá clássico de Cavaleiros
ao estudo histórico e mitológico, para saber até que ponto existe a influência
da mitologia grega em suas linhas. Ele faz um trabalho minucioso, colocando
cada saga de Cavaleiros do Zodíaco em
premissa, bem como as relações entre os personagens e sua versão mitológica.
Ele escreve assim na página 60: “Após
esta leitura sobre Atena, Hades e Poseidon, percebemos que o mangá Cavaleiros
do Zodíaco contém referências à mitologia grega em quantidade, formando um
conjunto que proporciona um conhecimento histórico sobre a cultura grega, que é
uma das principais bases do homem
ocidental. Malgrado o enredo ser uma história fictícia, onde se percebe o enfoque característico dos mangás
shônen, que abordam principalmente batalhas entre pessoas com poderes
extraordinários, o eixo que conduz o mangá é a mitologia grega; e a forma como
ela é representada dá ao leitor conhecimento e entendimento parcial da cultura
grega: a arte criada por Kurumada possui elementos arquitetônicos como templos
e esculturas que remetem à Grécia Antiga; já sua abordagem literal conduz a
questões filosóficas que misturam a crença em um destino inexorável (ed. 01, p.
51) com o materialismo de Demócrito (ed. 01, p. 58), desenvolvido em um plano
onde as divergências entre os deuses tornam-se as divergências dos homens, e estabelecem
o futuro da humanidade” (Daniel:2014)
No trabalho de mestrado “Hibridismos e mesclas culturais na construção de identidades e subjetividades emcampeonatos de cosplay” de Ilíada Damasceno Pereira assim ela relata, na página 12, como
percebe o universo de Cavaleiros do Zodíaco: “Os apelos sociais
nos quais estamos inseridos delineiam e traçam forças de existência capazes de
configurar e moldar as formas pelas quais nos encontramos no mundo. Tais fluxos
são caracterizados e visualizados pela autora como constelações, microuniversos
e microcosmos responsáveis por afetar nosso corpo, ultrapassando a pele e
movimentando órgãos e sentidos. Ao ler e me
familiarizar com as ideias de Rolnik (1997), rapidamente criei analogias entre
o conteúdo do texto e o enredo da série Os Cavaleiros do Zodíaco. Pode parecer
uma perspectiva simplória e ingênua, no entanto, as constelações de poder que
envolvem os guerreiros no desenho, de algum modo, configuram a forma como eles
se encontram no mundo e enfrentam os caminhos que irão trilhar. São sua fonte
de energia, vivacidade e poder.”
Em sua tese de mestrado, ela relata a importância de
Cavaleiros do Zodíaco como um produto midiático e imagético que contribuiu para
que ela pudesse, até, se aproximar dos entrevistados, além, claro, de ter sido
a origem do SANA. O valor da série se mescla com a pesquisa e, com isso, ajuda
a pesquisadora a conhecer o mundo dos cosplayers e a definir pontos de sua
tese. O enredo da série dá a ela condições de reconhecer as ideias de Rolnik de
uma forma diferente, ajudando na sua interiorização e compreensão.
Já a pesquisa de mestrado da Dr. Iara Tatiana Bonim e Irmo
Wagner, chamada “EDUCAÇÃO EM ANIMÊS: OS CAVALEIROS DO ZODÍACO ENSINANDO SOBRE MASCULINIDADES” nos
traz uma outra versão de estudos sobre o nosso tema. Eles pesquisam os
comportamentos dito masculino e feminino,
enraizados nos quadrinhos do Kurumada-san. Eles justificam a pesquisa ao
afirmar: “As representações midiáticas
não apenas divertem, mas estabelecem significados, valores e gostos que atuam
na constituição da identidade da criança e do jovem, porque ensinam maneiras de
ser, de pensar, e definem certas condutas como sendo apropriadas para meninos e
meninas. As representações analisadas tornam exemplares certos atributos para a
masculinidade tais como lealdade, fibra moral, força, resistência à dor,
juventude, beleza. As lutas enfrentadas pelos cavaleiros em toda a saga ensinam
como se tornar um vencedor, valorizando de modo especial a amizade, o domínio
de si e a luta em defesa do bem. Adquirem relevo masculinidades vividas a
partir de relações entre os cavaleiros e destes com os mais velhos, com os
mestres, com o mundo e com as mulheres. Em Os Cavaleiros do Zodíaco produz-se
um tipo de masculinidade tida como padrão, e uma definição de conduta e dos
sentimentos apropriados para os homens”.
Conclusão Parte B
Enfim, podemos perceber através desses três exemplos acima
que existe sempre signo, significado e significante em obras de comunicação,
quer seja um quadrinho, uma música, ou um filme. Não existe a possibilidade de
se perder o valor de algo, visto que cada leitor possui sua interpretação da
realidade, mas existe também um signo único que une todos os significados e
significantes. Ao se ler, ou assistir algo, o valor inerente do objeto lido, ou
assistido, continua a permear a memória e a comunicação, existindo, portanto,
valor sempre. Existe sempre valor em tudo que for produzido pelo homem. Em
relação a Cavaleiros do Zodíaco esse valor é mais evidente, pois foi um marco
na televisão e, por isso, recebeu diversos olhares e foi entendido de diversas
maneiras e foi alvo de diversos estudos, portanto, possui, valor comercial, acadêmico e social.