Aproveitando a polêmica que lancei sobre a abertura de Dan Da Dan, venho indicar o canal Anime Ken Tv que, por sua vez, analisou a abertura. Ele é músico profissional e é especialista em guitarra! Se clicar e gostar do vídeo, se inscreva lá e faça-o crescer! E, de forma inesperada, um youtuber japonês fez um vídeo essa semana desabafando sobre a solidão no Japão. O vídeo mostra que a crise da masculinidade, veja texto de segunda-feira da semana passada, está afetando o Japão com muita força. Samurai Daddy é casado, com filho, e se sente sozinho e solitário, muito por conta da confusão de papéis que vivemos hoje em dia. É um relato que confirma e aprofunda o tema da crise. Assistam!
Texto escrito ontem, com atualização de notícia ao fim. O governo estuda recuo nas propostas. Apesar disso, deixo o meu texto na íntegra.
Sim, cortes são necessários. Ajustar a economia para fazer o Brasil voltar a crescer é necessário, mas não dessa forma. Em outubro do ano passado, eu escrevi:
Sim, cortes são necessários. Ajustar a economia para fazer o Brasil voltar a crescer é necessário, mas não dessa forma. Em outubro do ano passado, eu escrevi:
“Se estas forem as
medidas verdadeiras para o controle da inflação, o governo vai errar, pois pode
enfurecer o povo retirando dele o sustento em caso de necessidade, como é o
problema com os cortes no seguro-desemprego. Com a economia esfriando por causa
da alta dos juros, os cortes em áreas de apoio ao trabalhador (caso se confirme
essa informação) são erros. Deve-se, antes de tudo, procurar outras áreas de
ação do governo para efetuar os cortes que irão inibir a inflação e a alta dos
preços, nunca começando pelo auxílio ao trabalhador.
Sobre o superávit
primário, os meus exemplos acima demonstram que é possível economizar sem pegar
tanto no bolso do trabalhador. Basta
melhor controle do Estado em seus gastos e no combate à corrupção para reduzir
a quantia, sem necessitar enforcar ainda mais o trabalhador. O combate à
corrupção passa pela visibilidade das contas públicas, melhor aparelhamento do
Estado no combate aos corruptos e política pública com menos burocracia e mais
tempestividade.” (Outros Papos- Economia em 2015)
Fonte: Estadão |
Vou explicar o erro do governo em enforcar o trabalhador com
essas medidas. O Estado necessita do giro da economia, isto é, que o cidadão
trabalhe, produza, poupe e gaste. O cidadão que trabalha, produz serviços e
riquezas ao país, recebe por esse trabalho e, com o fruto de seu trabalho,
sobrevive, poupa e gasta. Ao gastar, ele compra outros produtos e serviços do
outros trabalhadores e faz a roda da economia girar. Já quando o cidadão poupa,
“O cidadão poupa, e esse dinheiro poupado
pode ser usado para investimentos. A riqueza é gerada com a aplicação correta
do investimento na otimização dos recursos.” (Coluna do Augusto Nunes- Veja) O Estado se
beneficia disso e recebe, através de taxas e impostos, a quantia para o
perfeito funcionamento da máquina pública. Máquina pública que escolhe como
gastar esse dinheiro do cidadão brasileiro.
1- Ao adiar o ajuste ao servidor público, ele retira do
servidor o ganho real (acima da inflação) que valoriza o salário. Se a inflação
do período de 2016 for igual à inflação do primeiro semestre de 2015, que foi
de 6,17%, (Fonte: G1)
podemos afirmar que o salário do servidor público terá um ganho real menor e,
portanto, as famílias terão menos condições de compra e poupança. Ao atrasar o
pagamento do reajuste em seis meses, o governo corre o risco de entregar um
salário devassado em relação à inflação. Menor poder de compra e poupança para
as famílias de servidores públicos.
2- A suspensão de concursos é uma avalanche de más notícias,
pois, aliada à notícia do enxugamento dos ministérios, retira a possibilidade
de contratação de pessoal qualificado para a máquina pública. Além disso, pode afetar
o setor do ensino e pode ocasionar o fechamento de cursinhos preparatórios.
Dessa forma, o desemprego pode aumentar pela ausência de portas de entrada
(concursos), pelas demissões de terceirizados, e pelo fechamento de cursinhos
que podem não resistir se a procura pelos cursos se reduzir. Menos gente
empregada, menos dinheiro circulando pela economia. E a avalanche pode não
parar por aí. Com menos gente no serviço público, aliado com as aposentadorias
que poderão ocorrer, pode promover a baixa qualidade do atendimento ao cidadão
em diversos órgãos do governo.
3- Cumprir o “gasto constitucional com a saúde” pode implicar
em dizer que o governo vai gastar o mínimo necessário para com essa pasta. Isso
me assustou, pois se a nossa saúde pública já anda ruim, imagine agora que a
regra é “gastar apenas o necessário”. Dessa forma, o trabalhador que necessitar
de atendimento, poderá ter seu estado agravado e seu regresso ao mercado de
trabalho adiado, fazendo com que a economia sofra pela ausência dele no giro da
economia.
4- A revisão na estimativa de gasto da subvenção agrícola (PGPM)
é algo complicado. A Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM)
é uma forma de garantia de renda ao produtor e controle de safra e preços. O Ministério da Agricultura assim explica o papel do PGPM: “Garantir o abastecimento nacional com alimentos de qualidade e
assegurar ao produtor preços que permitam sua manutenção na atividade rural é
um compromisso do Ministério da Agricultura.
A cada safra, as
diretrizes da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) são coordenadas,
elaboradas, acompanhadas e avaliadas para garantir segurança alimentar e a
comercialização dos produtos agropecuários.
O financiamento da
estocagem, a armazenagem, a venda de estoques públicos de produtos
agropecuários e a equalização de preços e custos são alguns dos mecanismos de
que o ministério se vale para garantir abastecimento e comercialização.
Toneladas de produtos
agrícolas excedentes podem ser comercializadas, por meio de leilões eletrônicos
monitorados pelo governo, de forma a abastecer regiões deficitárias e, ao mesmo
tempo, garantir aos produtores um preço que lhes permita manter-se na atividade
rural.
As tabelas e os gráficos
elaborados pelo ministério reúnem dados atualizados mensalmente sobre
exportações e importações; área plantada, produção e produtividade; preço
mínimo e de mercado; entre outros.”
A redução nesse ponto vai passar de um bilhão de reais. Esse
é um auxílio importante, principalmente para a produção de milho e trigo. Com o
PGPM podemos ter a garantia de valores justos, a sobrevivência de produtores e
safras com distribuição equilibrada. Como todos sabem, a inflação, vez ou
outra, é puxada para cima por causa de alimentos. Ao se reduzir a intervenção
do Estado na ajuda ao produtor, os valores de alguns produtos agrícolas podem
disparar, aumentando a inflação e reduzindo o poder de compra real do salário
do trabalhador. Fora outras questões que não quero compartilhar no momento,
pois esse texto tornou-se grande e ainda nem cheguei na conclusão.
5- Sobre a CPMF, necessita da leitura de “O desastre da economia brasileira e o gigantesco buraco fiscal do governo” de Fernando Ulrich.
Veja que a política de concessão de crédito do governo é que está acabando com
a economia, com uma dívida massiva. Segundo ele: “Mas uma política deliberada de juros artificialmente baixos — aliada ao
controle estatal sobre o crédito bancário — é capaz de desorganizar toda a
estrutura produtiva da economia, com consequências profundas no longo prazo, em
diversos setores. (...) Recapitulando: o Tesouro tem tido dificuldade na
rolagem integral da dívida pública, causando um resgate líquido e, portanto,
aumento da liquidez no sistema. O excesso de liquidez afeta a taxa Selic,
obrigando o Bacen a utilizar as operações compromissadas — cujo lastro são
títulos públicos — para enxugar a liquidez e manter a Selic na meta
estabelecida. Para recompor a carteira do Bacen, o Tesouro emite novos títulos
em seu favor.” E conclui: “Apenas
elevar alguns tributos — como insiste em propor o governo — não resolverá o
problema. Dada a já estonteante carga tributária, aumentos de impostos podem
inclusive derrubar a arrecadação em uma economia em contração.” Imagine,
então, a criação (ou retorno) de um imposto como a CPMF?
A conclusão
A Conclusão é que o governo brasileiro está apertando o
cinto da pessoa errada. Ele precisa do trabalhador bem empregado, bem remunerado
e bem capacitado para produzir, gerar renda e adquirir recursos para o
orçamento. Ao apertar o cinto do trabalhador, ele vai estar sufocando a
economia, inibindo o consumo e diminuindo ainda mais o crescimento. Com a
criação da CPMF, o cidadão consumirá ainda menos, fazendo o giro da
economia se reduzir, ou seja, a roda da
economia pode vir a furar. Dessa forma, o governo está colocando em risco até
os projetos sociais que tanto defendeu, pois se o “Brasil que trabalha” reduzir
seu trabalho, menor será a aquisição do
Estado e menos dinheiro terá para os projetos sociais a médio e longo prazos.
Quer um exemplo de que poderia ser um pouco diferente? O adiamento
do reajuste dos servidores vai reduzir os gastos do governo em 7 bilhões,
certo? Entretanto, o governo ainda manteve a compra de caças Gripen
por quase 6 bilhões de reais. Ou seja, se cancelasse a compra de caças, o
governo poderia conseguir salvar o reajuste. Mesmo sendo uma compra parcelada,
com juros, esse valor poderia ser abatido desse reajuste, talvez integralmente.
A concessão de crédito a juro baixos poderia ser reduzida, assim como os gastos
do governo em outras áreas (que não a saúde). Desse jeito, o governo pode até
conseguir maquiar o orçamento de 2016, mas dificilmente esses ajustes gerarão
crescimento. É assim que eu vejo isso.
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Atualização de notícia: Pressionado, Planalto estuda recuo em três medidas do pacote de cortes! Eu fiquei animado com essa notícia, pois parece que os trabalhadores tiveram defesa dentro do Congresso Nacional e algumas medidas podem acabar. Existem outros meios de cortar gastos, que não fira unicamente o trabalhador, e cabe ao governo a coragem de realizar estes cortes na própria carne, ao invés de sangrar o trabalhador.