Aproveitando a polêmica que lancei sobre a abertura de Dan Da Dan, venho indicar o canal Anime Ken Tv que, por sua vez, analisou a abertura. Ele é músico profissional e é especialista em guitarra! Se clicar e gostar do vídeo, se inscreva lá e faça-o crescer! E, de forma inesperada, um youtuber japonês fez um vídeo essa semana desabafando sobre a solidão no Japão. O vídeo mostra que a crise da masculinidade, veja texto de segunda-feira da semana passada, está afetando o Japão com muita força. Samurai Daddy é casado, com filho, e se sente sozinho e solitário, muito por conta da confusão de papéis que vivemos hoje em dia. É um relato que confirma e aprofunda o tema da crise. Assistam!
A eterna divisão do "Nós X Eles"!
A definição da luta de classes, do “eu x você”, é a base determinante
do socialismo, na qual “para Marx e
Engels a história de todas as sociedades é a história destes conflitos
fundamentais, o qual eles chamam de luta de classes. Segundo essa lógica, para
compreender a história seria necessário investigar como, em diferentes épocas,
as classes mais e menos privilegiadas entraram em confronto para garantir seus
interesses” (Classes Sociais de Camila Betoni),
ou seja, o socialismo se alimenta desta disputa para existir. Sem a luta de
classes, não existiria o socialismo.
Deste forma, o PT fez uma pesquisa para saber se seu eleitorado
ainda compra esta ideia, com a pesquisa “Percepções e Valores Políticos nas
Periferias de São Paulo”. Esta pesquisa concluiu, de forma interessante, que “no imaginário da população não há luta de
classes; o 'inimigo' é, em grande medida, o próprio Estado ineficaz e
incompetente, abre-se espaço para o 'liberalismo popular' com demanda de menos
Estado” (Diário de Pernambuco).
Após quase 13 anos de poder, o PT não conseguiu implantar a
visão marxista em nossa sociedade, mas os ecos desta visão permanecem nos
diálogos da crise, isto é, embora a sociedade brasileira não aceite esta visão,
principalmente nas redes sociais, este diálogo tenta mascarar uma verdade.
Durante os manifestos pela greve geral, ocorridos no último mês, eles
tentaram comprar novamente a ideia de “mortadelas x coxinhas”, com o apoio,
para meu desgosto, da CNBB (leia),
que incentivou esta greve de maneira equivocada. Tentava-se repetir a guerra
entre “direita x esquerda”. E isso é apenas uma máscara para a verdadeira
disputa, tentando iludir a população para não revelar o verdadeiro “problema”,
que é o fim do imposto sindical obrigatório. Ora, a reforma trabalhista, que
foi aprovada na Câmara, indica que nenhum direito foi retirado do trabalhador,
os acordos trabalhistas ficarão com força de lei e nenhum direito social poderá
ser negociado, então, o verdadeiro motivo por trás das manifestações era o fim
do imposto. Errou a CNBB, ou será que tentou manipular?
Desta forma, não se pode pensar, no sentido da greve geral, em “mortadelas x coxinhas” e,
nem tampouco, em “direita x esquerda”. A guerra aqui não pode ser nem colocada
em dois blocos, ou, se assim o for, será desigual para um dos lados, pois será
algo como “Brasil X sindicatos”. Infelizmente, alguns ainda se pegam nessa
disputa, tentando colocar tudo no “nós x eles” quando, na verdade, aqui isso
não se aplica. Este eco do discurso,
felizmente, não cobriu a verdade e a greve geral naquele momento falhou.
A Greve Falhou
Os sindicatos simplesmente falharam, pois almejavam muito
mais do que conseguiram. Acompanhei,
pelo Correio Braziliense, a greve em Brasília. Os efeitos no DF foram um
reflexo do que a greve foi em demais estados. Eles esperavam reunir, em frente
ao Congresso, mais de 10 mil pessoas, mas reuniram um pouco mais de 3 mil. Foi
assim em todo o Brasil. Isso simbolizou a baixa adesão ao movimento, que ocorreu em todo o Brasil.
Para a greve geral, os sindicatos erraram, tentando ainda
comprar a ideia de lutas de classe, que nem mesmo o eleitorado do PT defende.
E, por isso, falhou. Falhou ao tentar colocar nas reformas a culpa pela crise.
Crise gerada pela má gestão de 13 anos de PT, crise gerada pelo desemprego,
pela corrupção e pela teimosia dos políticos brasileiros, em um sistema
político falho e corrupto. Também falhou ao apostar na guerra entre “mortadelas
e coxinhas”. Mesmo no sentido equivocado de "nós x governo", o sindicato também falhou, pois não ficou demonstrado nenhuma retirada de direitos dos trabalhadores que pudesse inflar este tipo de disputa.
Carlos José Marques, editor da Editora Três, descreve mais um
detalhe do fracasso, pois “eles foram
contra a Constituinte, contra o Plano Real, contra a Lei de Responsabilidade
Fiscal, contra tudo que não saísse de sua lavra de projetos fracassados. São
contra, pela simples necessidade de impor a mensagem de que só o PT e suas
maquinações fraudulentas salvam. Você ainda acredita?” e, ao que tudo
indica, a resposta para a pergunta do Carlos é não, quase ninguém acredita no
discurso do PT e seus sindicatos.
Conclusão
A minha conclusão está nas palavras de Rodrigo Neves que escreveu
que “os socialistas querem que todos
sejam iguais, forçando os indivíduos a sofrerem coletivamente da mesma miséria,
enquanto os capitalistas simplesmente entregam a decisão ao indivíduo e lhes
afirmam: Piorar ou melhorar de vida depende apenas de você, das suas capacidades
e de como você as utilizará para alcançar seus objetivos” e essa visão
encaixa no resultado da pesquisa feita pelo PT e que mostrou que, ainda hoje, a meritocracia é aceita como verdadeira.
Dessa forma, apesar de não ser aceita na sociedade, este
discurso de lutas de classe ainda ecoa, como um eterno “oi” que vem diretamente
do passado, mas que, na prática da realidade de vida do brasileiro, não se
aplica como verdadeiro ou correto. Sendo esta uma das causas do fracasso da
greve.
Desabafo
Enquanto a esquerda tentar manipular a realidade ao seu bel prazer, serei sempre forçado a mostrar a verdade e, desta forma, parecer ser de direita. Sou ateu político, com a certeza de que deveria existir um Quarto Poder na sociedade para fiscalizar o Executivo, o Judiciário e o Legislativo. Eu acreditava que este Quarto Poder poderia ser o jornalismo. Eu me enganei. O Quarto Poder deve, em via de regra, ter a força do povo, do Poder Constituinte, e falta ao jornalismo esta força autêntica.