Aproveitando a polêmica que lancei sobre a abertura de Dan Da Dan, venho indicar o canal Anime Ken Tv que, por sua vez, analisou a abertura. Ele é músico profissional e é especialista em guitarra! Se clicar e gostar do vídeo, se inscreva lá e faça-o crescer! E, de forma inesperada, um youtuber japonês fez um vídeo essa semana desabafando sobre a solidão no Japão. O vídeo mostra que a crise da masculinidade, veja texto de segunda-feira da semana passada, está afetando o Japão com muita força. Samurai Daddy é casado, com filho, e se sente sozinho e solitário, muito por conta da confusão de papéis que vivemos hoje em dia. É um relato que confirma e aprofunda o tema da crise. Assistam!
Em novembro de 2015, eu decidi analisar e divulgar um estudo
da Universidade da Califórnia, chamado “Spoilers
Don’t Spoil”, que influenciou outras pesquisas no mesmo campo de estudo. Você
pode ler a minha análise aqui (clique).
A intenção desta minha análise, na época, era defender que spoilers não
prejudicam a diversão de uma história, e que a briga constante entre
spoilerfílicos e spoilerfóbicos não tinha um real sentido. Veja um resumo da pesquisa no vídeo abaixo.
Os estudos que
divulguei em 2015 foram:
·
Spoilers Don’t Spoil (clique)
da Universidade de Psicologia da Califórnia, dos professores Nicholas J. S.
Christenfeld e Jhonathan D. Leavitt (2011);
·
Who’s afraid of Spoilers (clique)
da Albany State University- professora Judith E. Rosenbaum- e Uiversidade de
Amsterdam- Benjamin K. Johnson.
·
Um estudo antropológico guiado para o Netflix que mostrou que os spoilers, para o público americano, passaram a ser algo comum e
rotineiro.
Dois estudos confirmaram a teoria, enquanto um deles tentou
refutá-la, entretanto, este, que tentou contrariar o estudo inicial, teve que
admitir que spoilers não influenciam no nível de divertimento, sendo que deve
ser uma questão individual. Isso está destacado no meu texto anterior. Leiam
antes o texto anterior do blog, e depois voltem a este texto, pois esqueci de
mencionar um elemento interessante do estudo da universidade de Amsterdam. Resolvi retornar ao tema e percebi uma oportunidade de tocar novamente nisso.
No gráfico da página 43, do estudo “Who’s affraid of
spoilers”, temos o resultado do cognition group, isto é, do grupo que prefere
uma atividade mental mais apurada, que segundo Cacioppo and Petty (1982), “enjoy
thinking”. O grupo é dividido em três subgrupos. Ao contrário do que alguns blogueiros escreveram, os três subgrupos não representam níveis de inteligência, mas níveis de prática mental, então, a relação entre need for cogniton e inteligência é como o cérebro trabalha as informações. Low, Medium e High, então, não representam níveis de inteligência, mas, como Anne Bost escreveu: "the tendency for an individual to engage in and enjoy thinking". Clique e leia mais sobre o tema.
Estes subgrupos mostram uma predominância por histórias que tiveram algum spoiler mostrado. O prazer de ler histórias que foram alvo de spoilers é alto nos subgrupos Low e Medium e quase mostra uma indiferença para as pessoas no subgrupo High (dava até para alegar empate se fosse considerado um desvio padrão). Permitindo-se uma pequena soma, que não faz parte do estudo, temos estes números: Spoiled (1,53) Unspoiled (0,93). Isso determina que quem gosta de trabalhar a mente, e ter uma atividade mental, não está nem aí para spoiler, ou gosta de um. Outro ponto a ser notado é que os gráficos com histórias que tiveram algum spoiler tem mínima de 0.46 no High (total de 0.8), ou seja, a pesquisa revela que o interesse pelas histórias nunca ficou comprometido. Além disso, o estudo acima apresenta um erro, que o professor assistente Alan Jern notou e explicou ao site Salon. Vou deixar o link ainda neste texto, após alguns parágrafos. Acompanhe, clique e leia.
Estes subgrupos mostram uma predominância por histórias que tiveram algum spoiler mostrado. O prazer de ler histórias que foram alvo de spoilers é alto nos subgrupos Low e Medium e quase mostra uma indiferença para as pessoas no subgrupo High (dava até para alegar empate se fosse considerado um desvio padrão). Permitindo-se uma pequena soma, que não faz parte do estudo, temos estes números: Spoiled (1,53) Unspoiled (0,93). Isso determina que quem gosta de trabalhar a mente, e ter uma atividade mental, não está nem aí para spoiler, ou gosta de um. Outro ponto a ser notado é que os gráficos com histórias que tiveram algum spoiler tem mínima de 0.46 no High (total de 0.8), ou seja, a pesquisa revela que o interesse pelas histórias nunca ficou comprometido. Além disso, o estudo acima apresenta um erro, que o professor assistente Alan Jern notou e explicou ao site Salon. Vou deixar o link ainda neste texto, após alguns parágrafos. Acompanhe, clique e leia.
Ainda sobre o estudo acima, ele casou com uma das afirmações do pesquisador
PhD Nicholas, do estudo “Spoilers Don’t Spoil”, que afirma “To Christenfeld, this suggests that
spoilers help you know the purpose of the overall narrative, so you’re able to
better incorporate all of the details and plot points that get you to the end.”
Em outras palavras, ao saber o que vai acontecer, o grupo que gosta de raciocinar
curte mais a narrativa e o trajeto que fará a história chegar até o ponto que
foi revelado.
Estudos Atuais?
Os estudos acima ainda não podem ser considerados antigos e
possuem relevância, mas será que existem outros? Após uma procura significativa,
pouco encontrei. Os que li estão tão perdidos que sequer conseguiram comprovar os dados das pesquisas que mostrei em 2015. Ninguém está conseguindo repetir os testes com os mesmos resultados. A comunidade acadêmica parece estar se debatendo, sem entrar
em um consenso sobre o assunto. Como diz Elina Gama Fila (On Fiction): “In conclusion, different
studies using different methods have produced conflicting findings. Some
studies find that spoiling a story can increase the reader’s enjoyment while
other studies have found the exact opposite. Until further research is done, we
cannot conclude that spoilers increase or decrease enjoyment”.
O que abre portas para as experiências pessoais. Começo
comigo (rs). Eu tinha assistido One-Punch Man via Daisuki, quando o mesmo fora lançado por lá, e o revi novamente quando o mesmo ficou disponível via Netflix. A
minha sensação ao assistir via Daisuki foi 9.0 (0 para muito insatisfeito, a 10
de muito satisfeito). Ao assistir novamente via Netflix, consegui uma sensação
surpresa de nota 9.2! Até fiz maratona! Ao reconhecer cenas, eu pude observar novos temas. Isso deixou a série mais divertida.
E não estou sozinho, pois Alan Jern, professor assistente de psicologia em Rose-Hulman Institute Of Technology, fez o mesmo e com resultado semelhante. Eis o testemunho dele: “This is similar to my experience. When I saw “The Force Awakens” for the second time, the movie had at that point been “spoiled” for me — by me. To my surprise, I enjoyed it more. Research on spoilers suggests that my experience wasn’t unusual. And it’s a good reminder that we shouldn’t always trust our intuitions about our own behavior.” (Salon)
O estudo pode confirmar porque a audiência de Chaves, ou Pica-Pau, ficava sempre no mesmo patamar apesar de ter entrado em um ciclo infinito de repetições. Apesar de reconhecer a cena, de já ter visto várias vezes, o público do seriado Chaves pareceu se divertir ainda mais e isso manteve a audiência por anos. E Chaves, bem como Chapolin, possuíam enredos que repetiam a mesma dinâmica de piadas, episódio após episódio. Se spoiler matasse o divertimento, os enredos de Chaves e Chapolin não teriam mantido o público como eles mantiveram por anos no SBT.
E não estou sozinho, pois Alan Jern, professor assistente de psicologia em Rose-Hulman Institute Of Technology, fez o mesmo e com resultado semelhante. Eis o testemunho dele: “This is similar to my experience. When I saw “The Force Awakens” for the second time, the movie had at that point been “spoiled” for me — by me. To my surprise, I enjoyed it more. Research on spoilers suggests that my experience wasn’t unusual. And it’s a good reminder that we shouldn’t always trust our intuitions about our own behavior.” (Salon)
O estudo pode confirmar porque a audiência de Chaves, ou Pica-Pau, ficava sempre no mesmo patamar apesar de ter entrado em um ciclo infinito de repetições. Apesar de reconhecer a cena, de já ter visto várias vezes, o público do seriado Chaves pareceu se divertir ainda mais e isso manteve a audiência por anos. E Chaves, bem como Chapolin, possuíam enredos que repetiam a mesma dinâmica de piadas, episódio após episódio. Se spoiler matasse o divertimento, os enredos de Chaves e Chapolin não teriam mantido o público como eles mantiveram por anos no SBT.
Conclusão
Parece que precisaremos de mais algum tempo para verificar
cientificamente os efeitos dos spoilers. Em algum determinado momento, a
comunidade científica terá uma resposta para isso. Está me lembrando a história
da canja de galinha. Nossas bisavós já sabiam dos benefícios da canja, muito
antes da comunidade científica concluir seus benefícios (rs). A comunidade, tenho certeza, descobrirá em breve que spoilers não estragam a história.
Então, repito minhas palavras anteriores e reafirmo
A conclusão que eu chego é que spoilers não estragam a
história, entretanto, a população está dividida e em guerra por causa disso.
Como foi mostrado pelas pesquisas, o temor que uma série amada fracasse, por
causa de spoiler, é sem fundamento. Já a pesquisa da Universidade de Amsterdam
nos indica que o processo de aprendizagem individual deve ser respeitado, ou
seja, se uma pessoa não gosta de spoiler, ela deve ser respeitada. A que gosta
de spoiler também deve ser respeitada. Desta forma, acredito que devemos
combater e estimular:
O que combater
O que se deve combater é a figura do censor, ou seja, a
pessoa que tenta controlar a outra, pois isso fere a liberdade de expressão e a
busca pela informação. Impedir que uma pessoa dê um spoiler, ou busque um
spoiler, é contra a realização plena da comunicação e contra tratados
internacionais que nos garantem o direito à informação e a liberdade de
expressão.
O que estimular
Estimular o respeito. Se a pessoa não gosta de spoiler, que
seja respeitada. Se a pessoa gosta de spoiler, que seja respeitada também.
Afinal, não existem vilões (com exceção da figura do censor), apenas pessoas
tentando interagir sobre um determinado assunto. Vamos, portanto, nos
respeitar. Se o respeito não for obedecido, como diz a ministra, cabe a
advertência adequada ao desvio de conduta. Agora, se você fica paranoico por
causa de spoilers, ao ponto de agredir um amigo, é hora de procurar
ajuda.