Aproveitando a polêmica que lancei sobre a abertura de Dan Da Dan, venho indicar o canal Anime Ken Tv que, por sua vez, analisou a abertura. Ele é músico profissional e é especialista em guitarra! Se clicar e gostar do vídeo, se inscreva lá e faça-o crescer! E, de forma inesperada, um youtuber japonês fez um vídeo essa semana desabafando sobre a solidão no Japão. O vídeo mostra que a crise da masculinidade, veja texto de segunda-feira da semana passada, está afetando o Japão com muita força. Samurai Daddy é casado, com filho, e se sente sozinho e solitário, muito por conta da confusão de papéis que vivemos hoje em dia. É um relato que confirma e aprofunda o tema da crise. Assistam!
Estado
Os libertários mais radicais defendem a extinção do Estado
como estrutura organizacional. Diferente dos liberais moderados e conservadores,
que defendem um Estado mínimo, os libertários entendem o Estado quase como um
ser opressor das vontades e liberdades individuais. O núcleo de seu pensamento
é a liberdade.
Infelizmente, não vejo como possível a extinção do Estado,
pois ele é apenas uma consequência da união de diversas pessoas em volta de
símbolos comuns, como língua, costumes, moral e território. Themistocles
Cavalcante: “Mannhein considera a estrutura como a mais perfeita expressão de
uma realidade social, econômica, política, mas nenhuma parte da sociedade,
qualquer que seja ela, pode ter uma estrutura própria, particular, sem levar em
conta a estrutura total” (Teoria do Estado; 1958), ou seja, a estrutura
nacional é reflexo da estrutura das pequenas partes, mas não somente isso, pois
é necessário também analisar a estrutura econômica, política, além da social.
No momento em que duas ou mais famílias decidiram se unir em
tribos, e as tribos começaram a se comunicar com outras tribos, formando
cidades, e estas cidades começar a se expandir e se relacionar com outras
cidades, criaram-se diversas estruturas nacionais- nações. Eles precisavam da
unidade para se desenvolverem e sobreviverem contras outras nações. Não havia
outro jeito, ou se uniam, ou eram englobadas por estruturas maiores.
Para Sahid Maluf, no livro Teoria Geral do Estado, de 2009: “O
Estado é uma organização destinada a manter, pela aplicação do Direito, as
condições universais de ordem social. E o Direito é o conjunto das condições
existenciais da sociedade, que ao Estado cumpre assegurar.” Podemos citar alguns
direitos assegurados pelo Estado como direito à vida, à liberdade, à
propriedade privada, à saúde e ao livre culto religioso.
Imaginemos que o Estado brasileiro acabasse. O que
aconteceria seria uma reorganização social baseada, senão pelo mais forte, pelo
mais numeroso grupo. Aqueles conexos com a mesma meta, ideologia ou doutrina se
organizariam de modo a construir bases para sua sobrevivência. Haveria, de
certo, ligações comerciais entre os grupos mais fortes. Os grupos mais fortes
se uniriam e envolveriam os grupos menores, pelo simples fato de que os grupos
menores pudessem possuir algo de interesse dos grupos maiores. Em algum tempo,
teríamos novamente uma estrutura nacional, com nova base ideológica, política e
cultural. Como eu sei disso? Pois é história da formação das cidades e nações. A
liberdade individual plena nunca foi admitida na organização de grupos, quaisquer
que sejam, portanto, a estrutura do Estado, que limitaria as liberdades individuais, se formaria novamente.
Continuando com o jogo de imaginação, suponhamos que nossa
sociedade se dividisse em grupos que negassem o Estado, em prol da liberdade
plena, logo, não existiriam as Forças Armadas para a defesa do território. A
Venezuela, como um país que sofre atualmente uma ditadura socialista, com fome
e miséria a nível de crise humanitária, olharia para o nosso imenso território,
agora desprotegido, e, possivelmente, invadiria para garantir recursos mínimos
para a sobrevivência do Estado da Venezuela. Foi assim no passado e seria assim
agora.
Mises, ouso brincar, foi um liberal conservador, pois ele
aceitava a estrutura do Estado até um certo ponto que a visão liberal permitia.
Ele escreveu (Liberalismo: 2010) que “a tarefa do Estado consiste, única e
exclusivamente, em garantir a proteção da vida, a saúde, a liberdade e a propriedade
privada contra ataques violentos”, segundo ele “o liberalismo nem mesmo deseja
ou pode negar que o poder coercitivo do Estado e a punição legal de criminosos
são instituições que a sociedade não poderia, em quaisquer circunstâncias,
delas prescindir”.
Como se defende a vida e a saúde? Com poder de polícia, com
poder coercitivo, com uma estrutura de saúde decente, logo, com hospitais, com
as Forças Armadas e com as polícias. E isso gera atrito com a questão da
liberdade plena, pois, de fato, não existe liberdade plena, uma vez que se
admite o poder de coerção. Até em um Estado liberal, se você matar uma pessoa,
você será preso. Sua liberdade termina quando começa a liberdade de outro
indivíduo. Veja o vídeo abaixo sobre o problema da liberdade. Como Sahid Maluf
escreve, no livro já citado, o Estado Liberal, como defendido por libertários e
liberais mais radicais, só seria possível em uma comunidade de deuses.
Finalizo com Hobbes[1]
que afirmava que o Estado seria um mal necessário para que, com suas
ferramentas, pudesse manter a ordem e a estabilidade entre os indivíduos. Ele
acreditava que o “homem é o lobo do homem” e, portanto, a livre escolha do
indivíduo deveria ser entregue ao Estado para garantir o bem comum.
Sobre a minha posição de conservador liberal, devo fazer um
ajuste necessário. Anteriormente, eu me descrevia como um liberal para assuntos
do Estado. Refleti que, com isso, eu estava autorizando o Estado a defender
liberdades contrárias às que eu acredito como conservador. O ajuste ideal é que
sou conservador, com visão liberal para a economia. Como escrevi, o liberalismo de
Mises é essencialmente materialista, não tocando em esferas espirituais, por
isso, posso ser liberal para a economia e manter minha alma conservadora. Mesmo
assim, lerei mais economistas conservadores.
[1]
Rainer Souza, Mundo Educação, lido em 09/12/2017 no link:
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/thomas-hobbes.htm