Aproveitando a polêmica que lancei sobre a abertura de Dan Da Dan, venho indicar o canal Anime Ken Tv que, por sua vez, analisou a abertura. Ele é músico profissional e é especialista em guitarra! Se clicar e gostar do vídeo, se inscreva lá e faça-o crescer! E, de forma inesperada, um youtuber japonês fez um vídeo essa semana desabafando sobre a solidão no Japão. O vídeo mostra que a crise da masculinidade, veja texto de segunda-feira da semana passada, está afetando o Japão com muita força. Samurai Daddy é casado, com filho, e se sente sozinho e solitário, muito por conta da confusão de papéis que vivemos hoje em dia. É um relato que confirma e aprofunda o tema da crise. Assistam!
Liberal na economia e conservador nos costumes
O debate continua sobre esse tema e não será esgotado com
facilidade. Muitos conservadores alegam que quem é conservador já defende uma
economia de mercado livre e que isso seria uma espécie de redundância. Queria,
então, deixar mais elementos para pesquisa.
O primeiro ponto a se levantar é que existem economistas com
visões conservadoras e liberais na questão, com profunda diferença de
interpretação da realidade econômica. Cito um trecho de um texto de Gosta
Esping-Andersen[1]:
“A economia política conservadora surgiu em reação à Revolução Francesa e à
Comuna de Paris. Foi abertamente nacionalista e anti-revolucionária, e
procurou reprimir o impulso democrático. Temia a nivelação social e era a favor
de uma sociedade que preservasse tanto a hierarquia quanto as classes. Status,
posição social e classe eram naturais e dadas; mas os conflitos de classe, não.
Se permitirmos a participação democrática das massas e deixarmos que a
autoridade e os limites de classe se diluam, o resultado é o colapso da ordem
social”.
O texto de Esping-Andersen trata de análises sobre welfare state
e como marxistas, liberais e conservadores veem e interpretam essa condição
econômica e função do Estado. Através dele, podemos ver que os economistas
conservadores viam o estado como um provedor contra o “caos” do mercado,
portanto, eles acreditavam que o governo deveria intervir na economia. O
Nacionalismo, como sabem, é uma “doutrina que prioriza o Estado como
fundamental e único na gestão política” (Dicionário On-Line).
O economista Luiz
Carlos Bresser-Pereira relata com brilhantismo as diferenças entre uma economia
com visão conservadora das demais visões econômicas. O texto é longo, mas, em
resumo, é preciso fazer a distinção em 3 planos diferentes:
1)
Plano da teoria econômica- no qual os
conservadores adotam a teoria do valor subjetivo, enquanto os progressistas
adotam a teoria do valor do trabalho;
2)
Plano da análise macroeconômica, os
conservadores adotam uma visão na qual a economia capitalista é auto-regulável;
3)
Plano da política econômica o conservador dará
sempre prioridade à estabilização sobre o aumento de produção e o aumento da produção
sobre a distribuição de renda.
O professor termina dizendo: “em última análise, o que
distingue efetivamente um economista conservador, de um progressista é a sua
atitude, são as suas teorias e as suas políticas em relação à distribuição de
renda.”
Revista de Economia Política 5(4), outubro 1985: 5-14. Aula
inaugural pronunciada na Faculdade de Economia e Administração da Universidade
de São Paulo, em 8.3.1985[2].
Com o primeiro texto como fonte, mostrei que existem
pensadores conservadores que adotavam um pensamento mais próximo da visão nacionalista. Nacionalismo indica sempre a interferência do Estado em um nível alto, colocando o mercado sobre suas asas. Dessa forma, quebra-se a ideia de que um conservador sempre será guiado pela vontade de exercer um livre mercado. Sabemos que o nosso presidente é conservador, e que ele vai contra algumas ideias do Guedes, principalmente quando o assunto é a Petrobrás, mostrando um olhar mais nacionalista com essa questão. Com o segundo texto, de um grande monetarista, indiquei que existem muitas
diferenças entre uma economia conservadora, para uma economia liberal. Se continuarem a leitura do texto indicado, verão que a economia conservadora levou uma surra na primeira questão. Nos pontos seguintes, temos diversos textos ora defendendo, ora questionando tais posicionamentos.
Quando afirmam que não existe possibilidade de um conservador ser liberal na economia, eles desconhecem que existe diferença entre conservadores e liberais no campo econômico e, portanto, desconhecem as nuances da própria economia, do conservadorismo e do liberalismo econômico. Eu estou fascinado pelo trabalho econômico de Mises, apesar de gostar bastante do trabalho dos conservadores nessa área, e sou conservador na tradição, e nos costumes. Portanto, sou conservador nos costumes e continuo sendo liberal clássico (Mises) na economia, apesar de respeitar bastante o estudo conservador nesse campo.
Quando afirmam que não existe possibilidade de um conservador ser liberal na economia, eles desconhecem que existe diferença entre conservadores e liberais no campo econômico e, portanto, desconhecem as nuances da própria economia, do conservadorismo e do liberalismo econômico. Eu estou fascinado pelo trabalho econômico de Mises, apesar de gostar bastante do trabalho dos conservadores nessa área, e sou conservador na tradição, e nos costumes. Portanto, sou conservador nos costumes e continuo sendo liberal clássico (Mises) na economia, apesar de respeitar bastante o estudo conservador nesse campo.
Sobre esses “líderes” da Direita, ao que me parece, eles
tentam ter o domínio da argumentação, tentando alegar que o outro desconhece o campo
projetado, porém, são eles que desconhecem o setor e promovem uma divisão sem sentido. Não aponte o dedo para seu aliado, nunca! Esse tipo de divisão só
promove a esquerda. Então, deixemos as coisas com essa mistura gostosa que só o Brasil
consegue manter. Não vamos nos dividir ainda mais!
[1]
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64451991000200006
[2]
http://www.rep.org.br/pdf/20-1.pdf