A queda no setor editorial brasileiro e seu impacto na educação e leitura: análise de um cenário preocupante
Texto recebido através da CBL em 04 de julho de 2024. Revisado com ChatGPT 4o
O setor editorial brasileiro enfrenta uma crise profunda, com uma queda real de 43% no faturamento desde 2006, segundo a Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, coordenada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Em termos reais, descontando-se a inflação, o faturamento das vendas ao mercado em 2023 foi de R$ 4 bilhões, uma retração de 20% em comparação a 2019, último ano de crescimento acima da inflação.
Essa crise reflete um problema estrutural que, para além das dificuldades econômicas, evidencia uma preocupação com o impacto da baixa leitura e do declínio da venda de livros na educação e cultura do país. De acordo com Sevani Matos, presidente da CBL, a falta de políticas públicas para incentivo à leitura é um dos fatores agravantes. “Precisamos avançar com iniciativas e mobilizações para reverter esse quadro e fomentar a leitura, essencial para o desenvolvimento educacional e cultural do país”, destacou.
A leitura e a educação como pilares em declínio
Os dados revelam que o setor de Didáticos, fundamental para o sistema educacional, apresentou uma queda acumulada de 17% desde 2020, ano impactado pela pandemia da COVID-19, marcando o patamar mais baixo em 18 anos. Esse cenário é especialmente crítico considerando o papel do material didático como ferramenta essencial no processo de ensino-aprendizagem e formação de novos leitores. Dante Cid, presidente do SNEL, enfatizou a situação desalentadora ao observar a baixa leitura no país em conjunto com a redução de vendas no setor, mesmo durante anos de crescimento econômico.
Em termos educacionais, a queda nas vendas de obras gerais e didáticas impacta diretamente a leitura e o acesso à informação, minando as bases para a construção de conhecimento e desenvolvimento crítico. O subsetor de Obras Gerais, responsável pela literatura e formação cultural dos leitores, sofreu uma redução de 7% em 2023, acumulando uma queda real de 29% no preço médio desde 2006.
Desempenho dos subsetores e a digitalização como alternativa
Os quatro subsetores avaliados — Obras Gerais, Didáticos, Religiosos e CTP (Científicos, Técnicos e Profissionais) — enfrentam desafios distintos. Em 2023, enquanto o subsetor de Obras Gerais amargou um dos recuos mais acentuados desde 2018, o de CTP, que possui preços médios elevados, sofreu uma retração de 61% em termos reais desde 2006. Esse subsetor, diretamente ligado ao conteúdo técnico e acadêmico, essencial para a educação profissional e científica, viu uma queda acumulada de 66% entre 2014 e 2023.
No entanto, a comercialização de conteúdo digital aponta uma possível saída para o setor. A "Pesquisa Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro" registrou crescimento real de 158% no faturamento digital nos últimos cinco anos, com categorias como Bibliotecas Virtuais e plataformas de assinatura crescendo em 240% no mesmo período. Em 2023, as vendas digitais responderam por 8% do mercado editorial, sinalizando um avanço no interesse por livros digitais e audiobooks.
Relacionando leitura, educação e a crise no setor editorial
A leitura é uma ferramenta fundamental para o aprendizado e o desenvolvimento crítico. No entanto, a falta de incentivo e políticas públicas de promoção de leitura contribui para um cenário de baixo índice de leitura e, consequentemente, um desempenho educacional abaixo do esperado. A retração no setor editorial reforça a necessidade de uma abordagem estratégica que contemple tanto o incentivo à leitura quanto o acesso à educação de qualidade. A digitalização surge como uma alternativa para a sobrevivência do mercado, mas sem uma base de leitores crescente e políticas educacionais robustas, o impacto cultural e educacional da crise editorial no Brasil pode se agravar.
A situação demanda uma mobilização efetiva e iniciativas que tornem a leitura e a produção de conteúdo acessíveis, promovendo um avanço na educação e um renascimento cultural. Somente por meio de ações coordenadas e apoio à leitura será possível reverter essa tendência negativa e fomentar o desenvolvimento intelectual do país.
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