Novos estudos sobre spoilers!
Estagiário: ChatGPT 4o
Em novembro de 2015 eu escrevi minha análise sobre um estudo americano que alegava que spoilers não estragavam o divertimento de se assistir a uma série ou filme, bem como ler um livro. Você pode ler a matéria no link Spoilers Don't Spoil- Minha Análise sobre estudo divulgado em 2011. Passados quase dez anos, resolvi entrar novamente no assunto e descobri outros estudos interessantes sobre o tema e alguns são recentes. E, sim, eu tenho um lado!
Spoilers: Vilões ou Heróis da Experiência do Espectador?
A controvérsia sobre spoilers continua a dividir opiniões, mas estudos recentes indicam uma conclusão unânime: spoilers não apenas não atrapalham, como podem enriquecer a experiência narrativa. A análise de diversos estudos, incluindo uma nova perspectiva publicada pela Time, reforça essa visão.
Evidências Científicas
Desde 2011, os pesquisadores Nicholas Christenfeld e Jonathan Leavitt, da Universidade da Califórnia, San Diego, têm liderado investigações sobre o impacto dos spoilers. Em seu estudo publicado na revista Psychological Science, eles conduziram experimentos com contos de diferentes gêneros, alguns revelando o final previamente. Os resultados mostraram que os participantes que receberam spoilers relataram maior prazer ao ler, sugerindo que saber o desfecho facilita o foco em aspectos como a construção dos personagens e o desenvolvimento da trama. Estudo este que divulguei no texto de 2015. (Leia o estudo)
Em 2013, Leavitt aprofundou a questão com o estudo The Fluency of Spoilers: Why Giving Away Endings Improves Stories. Ele argumentou que spoilers aumentam a fluência cognitiva, ou seja, tornam mais fácil para o cérebro processar informações. Isso permite que o público aprecie melhor elementos técnicos e emocionais das histórias. (Leia mais)
O artigo mais recente da Time, publicado em setembro de 2024, explora a psicologia por trás de como spoilers afetam nossa percepção de livros e filmes. Ele ressalta que, ao conhecer antecipadamente detalhes do enredo, o público pode experimentar uma redução na ansiedade sobre o que virá a seguir. Isso libera espaço mental para apreciar melhor as camadas emocionais e artísticas das obras. Além disso, o artigo destaca que spoilers podem até mesmo aumentar a vontade de revisitar uma obra, já que as nuances se tornam mais perceptíveis. (Leia o artigo completo)
Contrapontos Superados
Pesquisadores como Benjamin Johnson e Judith Rosenbaum, em estudos publicados entre 2015 e 2017, argumentaram que spoilers poderiam diminuir a imersão e o suspense, reduzindo o prazer narrativo. Porém, suas conclusões enfrentaram críticas devido a limitações metodológicas, como amostras restritas e materiais experimentais simplistas que não refletiam a complexidade de narrativas mais longas.
Os resultados de múltiplas investigações apontam para uma única direção: spoilers não atrapalham a experiência do espectador. Pelo contrário, podem até aprimorar a apreciação de livros, filmes e séries, permitindo um entendimento mais profundo e uma conexão emocional mais rica.
Referências:
- Christenfeld, N., & Leavitt, J. (2011). Spoilers Don’t Spoil Stories. Psychological Science. Leia aqui
- Leavitt, J. (2013). The Fluency of Spoilers: Why Giving Away Endings Improves Stories. Psychological Science. Leia aqui
- Antena Livre. Spoilers, por favor! Saber de antemão o final de um filme estraga a experiência?. Leia aqui
- Johnson, B. K., & Rosenbaum, J. E. (2015). Spoiler Alert: Consequences of Narrative Spoilers for Dimensions of Enjoyment, Appreciation, and Transportation. Communication Research. Leia aqui
- Johnson, B. K., & Rosenbaum, J. E. (2017). (Don’t) Tell Me How It Ends: Spoilers, Enjoyment, and Involvement in Television and Film. Media Psychology. Leia aqui
- Time. The Psychology of Book and Movie Spoilers. Leia aqui
Essa literatura reafirma que spoilers, em vez de inimigos da diversão, podem ser aliados na busca por uma experiência narrativa mais rica e envolvente.
E encerro fazendo minhas as palavras de Angela Haupt para a revista Time, na matéria intitulada "In Defense of Spoiling the End of the TV Show", em que ela afirma: "People who prefer spoilers typically value predictability, ease, comfort, clarity, and a sense of control, McKleroy says. The world is rife with uncertainty—she calls it 'free anxiety'—so why subject yourself to more? For many people, not knowing what happens leads to anticipatory stress, or an increased stress response triggered by an unpredictable plot. 'When you’re anticipating something bad happening—like for me, when the music starts to turn—your heart starts pumping, and you’re not enjoying yourself anymore,' she says. My anxiety, which is already high at baseline, spikes so much when I’m reading a thriller, or even watching a couple I'm rooting for break-up in a rom-com, that I simply can't enjoy myself until I’m certain things will end in a satisfying way." Why We Like to Spoil the End of Books and Movies | TIME